FLORIANO
MARTINS | Um novo
continente – Poesia e surrealismo na América
ARC Edições | Ceará, 2016
Capa, fotografias & vinhetas © Floriano Martins
Traduções © Allan Vidigal (inglês), Eclair Antonio Almeida
Filho (francês), Floriano Martins (espanhol), Márcio Simões (inglês), Milene
Moraes (francês)
Revisão & projeto gráfico © Floriano Martins &
Márcio Simões
Orelhas © Marco Lucchesi
Posfácio © Leontino Filho
Desenho de FM ficha técnica © Fátima Lodo Andrade da Silva
Desenho de FM orelha 1 © Adriel Contieri
Brochura, 560 pgs | Formato 14x21 cm | Peso 810 gm
R$ 100,00 (frete nacional simples
incluso)
Brinde de
lançamento: Circo Cyclame (teatro automático), de Zuca Sardan &
Floriano Martins | ARC Edições | Ceará, 2016 | Participação especial
(posfácio-entrevista) © Kazimir Pierre | Desenhos © Zuca Sardan | Capa,
colagens, vinhetas & projeto gráfico © Floriano Martins
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Floriano Martins escreveu um livro de rara probidade
intelectual. Diante de um repertório vasto, difícil e inacabado, elaborou uma
articulação ousada e bem sucedida entre partes consideradas dispersas e
intrafegáveis. Enfrentou a princípio – e com galhardia – uma nuvem de ideias em
contínua migração. O primeiro passo foi dado com O começo da busca, que era um livro sem aduanas ideológicas ou
embargos culturais. Era o anteprojeto de uma ousada cartografia. Não a que se
faz dentro de um cômodo gabinete, de censuráveis a prioris e de outras imposturas intelectuais, conceitos que mal se
adequam a uma geografia porosa, vibrátil, em que as ilhas distantes,
porventura, podem formar um arquipélago inesperado, partindo-se de um insight, ou de uma atenção polifônica,
nas camadas mais profundas da harmonia. O mapeamento de Floriano está para
Borges e Calvino. Preciso e marcado de potencialidades. Atento a percursos mal
visitados, como quando aborda certas formas
clandestinas do Surrealismo, que não tomam parte sequer de um proto-cânone.
Floriano está no microcentro de Buenos Aires e entre os Mapuches do Chile, interage
com os poetas do México e com os de Cuba, com uma desenvoltura, uma atenção, um
respeito que hoje anda quase perdido. O seu gabinete fica – como dizia Antonio
Carlos Villaça – entre a estante e a rua, a escuta precisa e a polêmica aguda,
provocadora, nunca próxima da gratuidade, a serviço de mais oxigênio e
coragem.
Aplaudo
sobremodo a arquitetura deste livro e a forma pela qual os capítulos crescem, à
medida que avançamos, como se formassem uma afortunada espiral. A selva
bibliográfica diz tudo: uma riqueza sem proporção, atenta às grandes linhas dos
temas consagrados, bem como aos mais diversos e interessantes aspectos
capilares. Floriano atinge a dimensão quase impenetrável do presente, de
antenas abertas aos folhetos de vida breve e a uma zona viscosa e variável do
que se costumou definir como sendo a blogosfera.
E nem por isso abandona a diacronia, e nem se perde tampouco em concepções
historicistas, em detrimento de uma historiografia forte.
Tenho Floriano
Martins como um dos nomes cruciais para a compreensão das culturas da assim
chamada América Latina – e não estou só nesta quadra. Poucos no continente
possuem hoje um trânsito físico e mental como o dele, para todas as latitudes
deste nosso velho Mundo Novo. Sua aventura espiritual bebe na fonte de um José
Martí e sonha uma integração poética mais profunda e marcada pelo estatuto da
emancipação. E, afinal, será preciso sublinhar que este livro foi escrito por
um poeta de marca, um ensaísta vigoroso e um artista plástico que não separa a
instância crítica da própria criação?
[Marco Lucchesi]
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UM NOVO CONTINENTE
Poesia e Surrealismo na América
◌ Celebração
da memória: Notas de acesso
◌ Capítulo
1: Diário de bordo
◊ Primeiras visões: América Latina & Caribe
◊ Visões do exílio: Estados Unidos
◊ Visões da névoa: Brasil
◌ Capítulo
2: Cartografia da inquietude
◊ Labirintos incessantes [enquete]
Afonso Henriques Neto ● Alex Januário
● Alexandre Fatta ● Allan Graubard ● Armando Romero ● Carlos Bedoya ● Carlos M. Luis ● Claudio Willer ● David Nadeau ● Emilio Andrés Padilla Pacheco ● Enrique de Santiago ● Fernando
Palenzuela ● Franklin Fernández
● Gabriela Trujillo ● J. Karl Bogartte ● Jorge Valdés Ramos ● Juan Calzadilla ● Ludwig Zeller ● Luis Fernando Cuartas ● Marcus
Salgado ● María Meleck Vivanco
● Nelson de Paula ● Oscar Jairo
González Hernández ● Pedro Arturo
Estrada ● Philip Daughtry
● Raquel Jodorowsky ● Roberto Piva ● Rodrigo Hernández Piceros ● Rodrigo Verdugo Pizarro ● Rubens Zárate ● Thomas Rain Crowe ● Viviane de Santana
Paulo ● Zuca Sardan
◊ Caravana de relâmpagos
[depoimentos]
Claude Gauvreau por
Ray Ellenwood ● Conde de Lautréamont por Juan José Ceselli ● Enrique Molina por
Armando Romero ● Eugenio Granell por Carlos M. Luis e Susana Wald ● Freddy
Gatón Arce por Manuel Mora Serrano ● Jorge Cáceres por Enrique de Santiago ● Jorge
Camacho por Carlos M. Luis ● Juan Antonio Vasco por Rodolfo Alonso ● Juan
Sánchez Peláez por César Seco ● Laurence Weisberg por Beatriz Hausner ● Manuel
Scorza por Hildebrando Pérez Grande ● Philip Lamantia por Neeli Cherkovski ● Roberto
Piva por Floriano Martins ● Yvan Goll por Nan Watkins
◊ A vida imaginária do surrealismo
[entrevistas]
Allan Graubard
(Estados Unidos) ● André Lamarre (Canadá) ● Armando Romero (Colômbia) ● Beatriz
Hausner (Canadá) ● Carlos M. Luis (Cuba) ● Claudio Willer (Brasil) ● Enrique
Gómez-Correa (Chile) ● Ernest Pepín (Martinica) ● Leila Ferraz (Brasil) ● Ludwig
Zeller & Susana Wald (Chile) ● Manuel Mora Serrano (República Dominicana) ●
Sergio Lima (Brasil) ● Thomas Rain Crowe (Estados Unidos) ● Zuca Sardan
(Brasil)
◌ Capítulo 3: Vanguarda clandestina
◊ Vértices magnéticos do horizonte
Jotamario Arbeláez: Colômbia e Nadaísmo ● Juan
Calzadilla: Venezuela e El techo de la ballena ● Margaret Randall: México,
Estados Unidos e El corno emplumado ●
Miguel Grinberg: Argentina e Eco
contemporáneo
◊ Celebração da memória: Últimas
pistas
◌ Posfácio
◊ Aventuras da poesia no tempo: o inteiro
continente revelado, por R. Leontino Filho
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Este livro é uma espécie de fruto múltiplo de
várias árvores. Seus ramos são diversos o suficiente para destacar o radical de
mestiçagem que o define. Nasce de um breve texto escrito em 1994, quando
ensaiei uma primeira e tímida aproximação do Surrealismo na América Latina.
Desde então já me incomodava o fato de que o Surrealismo em nosso continente
era visto – aceito ou rejeitado – como se houvera simplesmente saído das
páginas dos manifestos redigidos por Breton. Tal embaraço acabou por dificultar
a percepção do raio de atuação das vanguardas eclodidas no continente – em
momentos distintos não por sintoma tardio, mas sim porque frutos de
questionamentos culturais pertinentes a cada país –, notadamente aquelas que
mantiveram relações estreitas com o Surrealismo.
[Floriano Martins]
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Floriano Martins (Brasil, 1957).
Poeta, ensaísta, editor. Dirige a Agulha
Revista de Cultura e o selo editorial ARC Edições. Estudioso do
Surrealismo, dedicado ao tema e juntamente com Maria Estela Guedes, organizou o
dossiê Surrealismo, edição especial
da revista Atalaia Intermundos
(Lisboa, 2003). Este mesmo ano proferiu conferência na Academia Brasileira de
Letras intitulada “O Surrealismo no Brasil”, como parte do Ciclo Vanguardas e
Pós-Modernismo, texto posteriormente incluído em Escolas literárias no Brasil (Org. Ivan Junqueira, 2 tomos. Rio de
Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2004). Ensaios seus integram coletâneas
como Aspectos do Surrealismo (edição
especial, revista Organon # 22. Porto
Alegre: UFRGS, 1994), Surrealismo e Novo
Mundo (org. Robert Ponge. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1999), e O Surrealismo (Org. J. Guinsburg e
Sheila Leirner. São Paulo: Perspectiva, 2008). Organizou livros de destacados
surrealistas portugueses: Cruzeiro Seixas (Homenagem à realidade, 2005),
Isabel Meyrelles (Palavras noturnas, 2006) e Fernando Alves dos Santos (Diário flagrante, 2008) – inseridos na
coleção “Ponte Velha” (Escrituras, São Paulo), sob sua coordenação editorial de
2005 a 2010. Traduziu livros de Juan Calzadilla (A condição urbana.
Santa Catarina: Letras Contemporâneas, 2005), Aldo Pellegrini (O caracol privado. Santa Catarina:
Edições Nephelibata, 2010; e Sobre
Surrealismo. Natal: Sol Negro Edições, 2013) e Enrique Molina (Costumes errantes ou a redondeza da terra.
Bilíngue. Natal: Sol Negro Edições, 2016). Integrou um grupo surrealista no Brasil, na primeira metade dos anos
1990, ao lado de nomes como Sergio Lima e Fernando Freitas Fuão. Em 2010
foi professor convidado da Universidade de Cincinnati, tendo ali ministrado o
seminário “Correntes de vanguarda na
América Latina” (Department of Romance Languages. Ohio, Estados Unidos:
University of Cincinnati, janeiro a março de 2010). Participou e assinou um dos
textos do catálogo da exposição surrealista Las llaves del deseo (Costa Rica,
2016). Sua poesia e obra plástica constituem diálogo permanente e crítico com o
Surrealismo.
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FLORIANO BENEVIDES JÚNIOR
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