sábado, 14 de julho de 2018

TABULA RASA, de Valdir Rocha & Floriano Martins



VALDIR ROCHA & FLORIANO MARTINS | Tabula rasa © 2018 ARC Edições
Capa © Floriano Martins, sobre foto de Lidia Lobello
Posfácios © Valdir Rocha, Floriano Martins
Revisão | R. Leontino Filho
Vinhetas & Projeto gráfico | Floriano Martins
Finalização de arquivos | Nelson Itiro Mitsuhashi
Impressão & Acabamento | Meta Brasil


R$ 30,00 (trinta reais, frete incluso)



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EU, FLORINS E O ACASO | As obras em colaboração correm o sério risco de serem soma que configure subtração. Quando dão certo, alegram os partícipes que devem ser criaturas abertas a todo tipo de surpresa.
Tenho fotografado muito aquilo que desinteressa para a generalidade das pessoas sãs. Fotografia é escrita feita com a luz, mas acrescento que também com o corte visual. Gosto de detalhes do alto, do baixo e dos lados. Neles busco e tantas vezes tenho a ilusão de encontrar algo de novo. Interessam-me visuais abandonados, apagados, arruinados, avariados, corroídos, cortados, craquelados, descascados, descolados, desgastados, desproporcionados, destruídos, dissecados, embolorados, enferrujados, enodoados, errados, esfarrapados, espatifados, estilhaçados, estragados, furados, infiltrados, manchados, mofados, oxidados, queimados, rasgados, regurgitados, remendados, rompidos, rotos, sujos, tingidos, trincados, úmidos e viscosos. Ufa! Mas não tenho gosto pelo desgosto.
Entendo que considerados o pedaço, a cor e a luz é possível se deparar com o expressivo. É isso que me alegra poder fotografar. Sei que parar, abaixar-me ou esticar-me no meio de uma rua ou calçada para fotografar as insignificâncias pode parecer apresentação de insanidade para as pessoas eventualmente circunstantes. Mas o que fazer? Esses gestos me são compulsivos.
O que quero é encontrar – a partir de minhas escolhas – alvos, animais, anjos, cabeças, camuflagens, cicatrizes, conexões, contradições, demônios, deslizes, disfarces, engodos, enigmas, erros, escaramuças, fábulas, farsas, feitiços, fraudes, fugas, furtos, harmonias, ideias, ilusões, intrusões, inversões, mapas, memórias, mentiras, metamorfoses, milagres, miragens, pântanos, pecados, pérolas, profecias, rostos, segredos, silhuetas, surpresas, vultos etc., de preferência somados. Quero a ficção das imagens.
Florins, como já se notou, é Floriano Martins, o meu caro amigo e parceiro. Eu e ele, com a indispensável participação do acaso, procuramos somar para, a partir das imagens verbais e fotográficas, chegar a terceiras coisas. O que teria surgido antes: as fotos ou os poemas? Isso não importa. O que importa é a busca, porque “as tábuas não negam a cumplicidade da ferrugem”.
Eu e ele mentimos. Alegramo-nos em fazê-lo.

Valdir Rocha


A TÁBUA RASPADA DO INFINITO | Quanto mais nos dedicamos a olhar fixamente o vazio, mais ali nos encontramos com a intrínseca natureza da criação. É na tábua raspada de nossa existência que vamos identificando os vultos a partir dos quais conformamos toda uma vida. O modo como embaralhamos os seis sentidos. Os retalhos de vislumbres que habitam o desejo e a memória. Quando criamos é que damos sabor à borda do infinito.
A arte nos permite a consciência de todas as experiências. O bordado da realidade, tangível ou não, a partir do momento em que a percebemos como parte inseparável de cada um de nós. Não li as imagens de Valdir Rocha, pois não se tratava de ilustrá-las com seu correspondente em verso. A disposição em que as duas imagens, plástica e poética, se mostram neste livro importa tanto quanto a autoria.
Tomando por base outro ritual seguramente eu teria assinado as fotografias na mesma proporção em que Valdir Rocha teria escrito os poemas. A grande afinação, sobretudo ditada pelo diapasão de nossa existência, a encontramos nessa fiação de truques que ele chama de “a ficção das imagens”. Tanto nos desentranhamos ao criar que jamais cairíamos em outro ardil que não o da narrativa.
Daí que tenhamos encontrado em Astheros a melhor configuração de nossa página em branco: o pecado da insistência que tanto nos atrai em tudo o que fazemos. Somos dois animaizinhos fabulosos. E vibramos com a intensidade de quem não quer passar um único instante sem descobrir em seu íntimo as mais distintas e distantes fragrâncias do ser.

Floriano Martins


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